Risco em barragem coloca seis cidades em alerta no RS

Moradores de alguns municípios estão sendo evacuados devido ao risco de deslizamento

Estragos causados pelas chuvas no Rio Grande do Sul Foto: EFE/ André Borges

Áreas ribeirinhas de seis cidades do Vale do Caí e Serra Gaúcha, no Rio Grande Sul (RS), foram colocadas em alerta pela Defesa Civil estadual devido ao risco de deslizamento de uma encosta na Barragem do Salto, em São Francisco de Paula. Conforme o órgão, eventual queda da encosta no reservatório causaria uma onda às margens do Rio Caí, atingindo as populações ribeirinhas de São Francisco de Paula, Gramado, Canela, Caxias do Sul, Vale Real e Nova Petrópolis. Em algumas cidades, os moradores das áreas ribeirinhas estão sendo evacuados.

As rachaduras foram observadas em casas e ruas que ficam em uma grande área da encosta. O prefeito de São Francisco de Paula, Marcos Aguzzoli (PP), usou as redes sociais para pedir aos moradores que saiam das casas.

– Duas regiões do entorno do Salto, uma delas ao lado da barragem, estão com rachaduras em diversos pontos e a encosta pode deslizar para dentro do reservatório. Quem mora na região, a gente pede que evacue suas casas – disse.

À reportagem, ele explicou que a estrutura da barragem está intacta, mas se houver o deslizamento, a onda pode superar ou até romper a barragem, causando alagamentos nos municípios à jusante.

– Fizemos a retirada dos nossos moradores e alertamos os outros municípios. É uma medida preventiva, mas que pode salvar vidas – disse.

Segundo ele, a prefeitura contratou geólogos para melhor avaliação do risco.

– Se estiver tudo bem, as pessoas poderão voltar para as casas – afirmou.

O coordenador da Defesa Civil municipal, tenente Eli Rangel, informou que as equipes foram de casa em casa convencendo os moradores a saírem. Uma equipe de geólogos foi contratada de forma emergencial para estudar as áreas onde surgiram as rachaduras. Algumas estradas apresentaram fendas largas na pista de rolamento.

– A barragem não tem problema, o risco é o deslizamento para dentro do reservatório e a onda que pode atingir todo o entorno. Muita gente já saiu, mas ainda há famílias que precisam sair – explicou.

A família de Camila Pimel, funcionária de uma indústria de móveis que teve a casa alagada durante a enchente do Rio Caí, onde fica a Barragem do Salto, já havia decidido construir outra residência em um ponto mais elevado, mas foi obrigada a mudar o plano.

– Nossa casa está com a estrutura torta e não tem como voltar para lá. Então a gente ia construir um um local mais alto do terreno, mas agora surgiram essas rachaduras. Devido ao risco de deslizamento, não podemos fazer nada lá. Ainda não sabemos o que fazer – relatou.

Ela, o marido e cinco filhos pequenos escaparam da inundação só com a roupa do corpo e estão abrigados em Gramado.

Em Nova Petrópolis, foi montado um plano de emergência pelos Bombeiros Voluntários para a possível evacuação de 256 casas que podem ser atingidas. Em caso de transbordamento da represa, as águas levariam cinco horas para atingir o município, por isso muitos moradores foram apenas colocados em alerta, segundo a prefeitura. Além das redes sociais, o município usou carros de som para avisar os moradores. A cidade disponibilizou dois abrigos públicos e espaços de acolhimento para as famílias que deixarem as casas.

O comandante dos bombeiros, Lucas Attmann, que também coordena a Defesa Civil, disse que as pessoas ficarão mais seguras fora da área de risco.

– Infelizmente é possível que essas pessoas não tenham tempo de sair dos locais de risco, por isso pedimos que se coloquem em segurança desde já – apontou.

Os bombeiros disponibilizaram equipes para auxiliar os moradores com a mudança. Cerca de 100 pessoas das localidades de Riachuelo e São José do Caí preferiram se mudar para a casa de parentes.

Em Vila Real, a prefeitura também alertou os moradores das áreas ribeirinhas do Rio Caí, mas descartou a necessidade de remoção imediata. De acordo com o coordenador da Defesa Civil, Henrique Schwands, como o município está mais distante da barragem, se houver um rompimento ou extravasão, a água vai demorar 13 horas para chegar.

– É o tempo de resposta que precisamos para uma evacuação rápida se houver a emergência, pois pedimos que os moradores permaneçam em estado de alerta. Se for necessário, nossas equipes irão às casas – disse.

Em Canela, famílias que estão em áreas que podem ser atingidas foram alertadas pela Defesa Civil, mas o município informou que poucas áreas seriam afetadas. A Defesa Civil de Gramado informou que o município foi alertado e está atento à possível emergência da barragem. A prefeitura de Caxias do Sul acompanha a situação. O Corpo de Bombeiros Voluntários de Feliz repercutiu o alerta da Defesa Civil, mas pediu à população para evitar o pânico.

De acordo com a CEEE Geração, que opera a hidrelétrica, a Barragem de Salto encontra-se íntegra, dentro de seus parâmetros normais de operação. Segundo a empresa, não há uma conclusão sobre o impacto de uma eventual queda da encosta, mas a barragem foi colocada em situação de emergência de caráter preventivo. Com isso, seguindo o plano de emergência, os municípios à jusante foram alertados para os riscos.

Na noite de segunda-feira (13), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atualizou a situação das barragens de geração de energia, passando do nível de alerta para o nível de emergência a Barragem do Salto, em São Francisco de Paula. A medida foi tomada devido ao “risco de ruptura iminente, exigindo providências para preservar vidas”.

A Aneel informou que a empresa operadora, junto com a Defesa Civil, toma as medidas necessárias para garantir a segurança dos moradores próximos à estrutura.

*AE

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