Por Artur Búrgio e Italo Nogueira | Folhapress
A cerimônia para anúncio de investimentos do governo federal em Minas Gerais nesta sexta-feira (28) teve coro contra o governador Romeu Zema (Novo) e vaias ao vice, Matheus Simões (Novo), presente no palanque. O presidente Lula interveio para reduzir os apupos da plateia.
“O vice-governador não está aqui só porque ele quer. Ele está aqui porque nós o convidamos. Temos que respeitar quem veio falar na nossa casa”, disse o presidente, ao lado de Simões.
A visita de Lula a Minas Gerais foi marcada pela ausência de Zema nos eventos. Ele afirmou que já tinha compromissos marcados. Simões esteve presente no evento de quinta (27), em Contagem, mas não falou durante a cerimônia.
“Muito antes de qualquer divergência político-partidária e ideológica, o importante é colocar Minas Gerais na frente. E o senhor, quando vem, faz os anúncios que fez ontem mostra que está fazendo isso. Temos muito a construir juntos”, afirmou o vice no palanque, nesta sexta.
Em entrevista a jornalistas após o evento desta sexta, o vice-governador disse que a intervenção do presidente já havia acontecido em outros estados onde o governador ou vice-governador de oposição se aproxima para discursar.
“O evento é dele [Lula] e o governo [de Minas] foi convidado. Se a plateia dele mesmo não me deixar falar, fica complexo até para os convites futuros. Foi um movimento de uma pessoa cordata não permitir que dentro da sua própria casa quem ele convidou seja impedido de falar”, disse Simões.
Questionado sobre a ausência de Zema, o vice-presidente disse que o governo de Minas foi convidado para os eventos presidenciais com 48 horas de antecedência.
“O governador está no mesmo drama que o Presidente da República porque a partir do dia 5 de julho os prefeitos não podem participar em eventos. O governador não pode estar em Belo Horizonte e deixar de atender os mais de 600 prefeitos que o apoiaram na eleição de 2022”, afirmou Simões.
Simões é cotado para a disputa da sucessão de Zema em 2026. Lula, por sua vez, voltou a sinalizar apoio ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), na futura disputa.
O presidente do Senado usou seu discurso para se alinhar às pautas do presidente e o PT. A principal foi criticar temas associados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, sem mencioná-lo diretamente.
“Há 40 anos, vivíamos um regime de exceção. Muitos homens que estão aqui hoje, apresentaram uma proposta democrática para o Brasil, para sairmos de um período de trevas. Conquistamos a democracia com o sangue, suor e lágrima de muita gente. Há dois anos atrás, tivemos pessoas que tiveram a audácia de expandir aquilo que no seu íntimo já exisita, que são movimentos e pensamentos antidemocrático, ditatorial e contra a democracia do nosso país”, disse ele.
Pacheco defendeu também as urnas eletrônicas, as vacinas, os servidores públicos e o setor da cultura.
“Muitas divergências podem haver entre nós, em relação a uma serie de temas. Isso é absolutamente normal. Mas uma coisa deve nos unir e nos impor uma vigilância constante. Esse monstro não está morto”, afirmou ele.
Lula mencionou Pacheco em seu discurso, como um dos grandes nomes da política que surgiram em Minas Gerais. Na quinta (27), ele já havia elogiado o senador e dito que ele é um “grande nome” para a disputa ao governo mineiro em 2026.
“As eleições de 2026 estão distantes. Nem o cenário de candidatos a prefeito está consolidado, imagina o de governadores daqui a dois anos. Mas claro que o presidente do Senado é um grande nome, teve uma atuação importante na defesa da democracia”, disse o presidente, em entrevista ao jornal mineiro O Tempo.