Agenda woke apresenta recuo, em especial, nos EUA; entenda

Análise aponta possíveis razões para o declínio da onda

Bandeira do orgulho LGBT Foto: Pixabay

Após o jornal The Economist apontar, recentemente, que a onda woke está em declínio nos Estados Unidos, o cientista político brasileiro Fernando Schüler publicou na revista Veja uma análise sobre o caso. Ele listou empresas que recuaram em relação ao apoio que davam ao tema.

– Por onda woke, leia-se a obsessão em torno de temas de gênero, raça e orientação sexual, que ganhou incrível velocidade desde o início da década passada. Isso no embalo das redes sociais, de movimentos como o Black Lives Matter, a reação à eleição de Trump e as guerras culturais. Um movimento que rapidamente migrou das universidades para as empresas, para a publicidade e se tornou um tanto asfixiante nos anos recentes. A onda agora parece ter dado uma esfriada – avaliou Schüler.

O cientista político citou que o ponto de virada pode ter ocorrido por causa do comercial da Bud Light com imagem da Dylan Mulvaney, a ativista trans, na latinha da cerveja.

– Todos conhecem o resultado. As vendas despencaram, a empresa teve um prejuízo histórico. Não foi um caso isolado. Uma série de empresas, como John Deere, Disney e muitas outras, anunciou seu recuo. O caso mais recente é o da Ford, informando que não usará mais cotas em contratações e evitará os “temas polarizantes” da agenda identitária. A mudança das empresas não se dá no vácuo. Menções ao termo “privilégio branco” caíram de 2,5 vezes a apenas 0,4 para cada milhão de palavras no New York Times, entre 2020 e 2023. (…) Há sinais de mudança na cultura – destacou.

Para Schüler, uma hipótese é a de que as pessoas estariam “aprendendo a separar o joio do trigo”.

– Aprendendo que é ótimo cultivar valores como o respeito, a tolerância e o acesso a oportunidades. Mas que é péssimo que esses valores, reunidos sob a ideia generosa da diversidade, se convertam em ideologia. Com tudo a que uma ideologia tem direito: em vez da abertura à diferença, o controle; em vez do respeito, a lógica do conflito permanente; este estranho destino que parece se seguir a tudo que se converte em ideologia: o esquecimento dos melhores valores que estavam lá, quando tudo começou.

A avaliação foi alvo de elogios. Ao compartilhar o artigo, Fernando Schüler destacou que “as empresas deveriam agir com bom-senso e nunca confundir boas práticas de respeito e oportunidades com uma ideologia que no fim do dia produz exatamente o contrário”.

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