PF desmonta rede de espiões russos com documentos falsos

Ao menos nove agentes da inteligência russa atuavam no Brasil utilizando documentos forjados

Bandeira da Rússia Foto: Pixabay

Uma investigação conduzida pela Polícia Federal do Brasil teria revelado a existência de uma rede de espionagem da Rússia que operava a partir do território nacional. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (21) pelo jornal norte-americano The New York Times.

Segundo a reportagem, ao menos nove agentes da inteligência russa atuavam no Brasil utilizando documentos forjados, como RGs e CPFs obtidos a partir de certidões de nascimento falsas. Os espiões se aproveitavam de vulnerabilidades no sistema de registro civil brasileiro para construir identidades falsas, com as quais conseguiam inclusive passaportes válidos.

Batizada de Operação Leste, a investigação começou em 2022 após um alerta da CIA sobre Sergey Cherkasov, um espião russo que se passava por brasileiro usando o nome falso de Victor Muller Ferreira. Cherkasov foi interceptado ao tentar ingressar na Holanda para atuar como estagiário no Tribunal Penal Internacional (TPI), justamente enquanto o órgão apurava crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia.

Entre os demais espiões identificados está Artem Shmyrev, que vivia no Rio de Janeiro sob o nome falso de Gerhard Daniel Campos Wittich. Ele mantinha uma empresa de impressão 3D e um relacionamento com uma brasileira. Outros membros da rede levavam vidas públicas como joalheiro, modelo e pesquisador, segundo o jornal.

Embora operassem no Brasil, os alvos da espionagem não estavam relacionados ao país. O território nacional era utilizado como ponto de partida para a criação de identidades limpas, que permitiriam a atuação posterior dos agentes russos em outras regiões de interesse estratégico, como os Estados Unidos, Europa e Oriente Médio.

Até o momento, apenas Cherkasov segue detido no Brasil. Ele foi condenado por falsificação de documentos, com pena de cinco anos. Moscou chegou a solicitar sua extradição, alegando que o cidadão seria um traficante de drogas procurado, mas as autoridades brasileiras rejeitaram o pedido.

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