Vá até a padaria favorita de vocês e coma uma comidinha afetiva 

O Dia de Finados, celebrado neste sábado (2), costuma ser de cemitérios lotados. Essa, no entanto, é apenas uma das muitas formas de homenagear e se sentir mais próximo da pessoa falecida.

Não há nada de errado em visitar o túmulo de um parente ou amigo, mas essa realidade pode trazer dor para algumas pessoas, que preferem ter lembranças da pessoa que não está mais presente enquanto estava viva. Existem ainda aquelas pessoas que não têm a possibilidade de ter esse encontro, seja por morar longe de onde o parente foi enterrado ou por ter cremado o ente querido, por exemplo.

A psicóloga Juliana Correia explica que o luto é um processo individual, não existindo, portanto, forma certa ou errada de celebrar quem não está mais presente.

“Precisamos recuperar rituais! De certa forma, eles estão em baixa. Talvez seja porque não representem o que faz sentido para as pessoas, mas podemos e devemos criar os nossos rituais e eles podem virar tradição. Eles servem justamente para marcar as passagens, então é necessário olhar para a pessoa que você perdeu e pensar: como ritualizar esse amor e essa perda hoje?”, inicia.

“Pode ser que a pessoa que você perdeu tenha tido como comida favorita a feijoada e, de repente, esse dia pode ser dia de comer feijoada. Ou a pessoa gostava de fazer bolo e você tem essa receita. Ou de ir à missa juntos, ou à praia; o importante é buscar uma conexão que faça sentido pra você e para a relação! Ritualizar é se permitir conectar de forma intenciona”, exemplifica a psicóloga.

Ela cita alguns outros exemplos de como vivenciar o luto de forma mais leve, principalmente em datas que tendem a trazer mais tristeza, como o Dia de Finados. “O que fazer pode ser algo que vocês tinham o hábito de fazer juntos, algo que a pessoa gostava ou algo que te ajude a se conectar com ela. Algumas pessoas são religiosas, por exemplo, e podem querer ir ao centro espírita, ao terreiro, à missa, acender uma vela, fazer uma oração. Também pode usar a criatividade, escrever uma carta, olhar as fotos favoritas, deixar a saudade entrar!”, completa Juliana.

O CORREIO selecionou cinco formas bonitas de celebrar quem já se foi:

1) Reviva momentos

Se você e a pessoa que já partiu faziam coisas juntos, é possível reviver esse ritual sozinho ou acompanhado, como forma de homenagem. Ir a um café ou padaria que a pessoa gostava, visitar uma praia onde vocês gostavam de ir ou assistir ao filme favorito da pessoa são formas de lembrar dela com leveza.

2) Fale sobre a pessoa

Outra dica bacana é se reunir com pessoas que também tinham carinho pela pessoa falecida. Falem sobre ela, relembram histórias, dividam momentos e histórias. É uma forma de manter a pessoa presente no dia a dia e de trazer boas memórias à tona.

3) Sorria sem culpa

Um grande desafio para quem perde um familiar ou amigo é não sentir culpa quando começa a fazer atividades prazerosas. Se você se sente bem, dance, vá à praia, curta um show, vá ao estádio. Sem culpa. Um dos maiores aprendizados que a morte deixa é justamente a importância de aproveitar cada segundo.

4) Aposte em uma comidinha afetiva

Faça uma receita em homenagem à pessoa. Pode ser uma receita da comida favorita dela ou de algo que ela fazia, como um bolo, um pudim ou uma sobremesa de Natal. Tudo bem comer fora de época. Se não souber cozinhar, vá ao restaurante que vocês amavam e lembra de momentos felizes vividos com a pessoa.

5) Se conecte com a pessoa

Se conectar com alguém que já partiu é algo muito amplo e subjetivo, e precisa fazer sentido para cada pessoa individualmente. Algumas formas de fazer isso é pensando na pessoa, conversando mentalmente ou oralmente com ela, escrevendo cartas ou fazendo publicações em homenagem a ela. Não se limite, nem se reprima. Coloque para fora o que você está sentindo. 

Correio da Bahia